Arcangelo Ianelli

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Biografia


São Paulo, Brasil, 1922 —
São Paulo, Brasil, 2009

Arcangelo Ianelli fez da abstração uma oportunidade para desafiar os limites, dando corpo a uma obra que se coloca em uma prolongada busca do indispensável.

A princípio figurativa, a obra de Ianelli começa a transitar para o abstracionismo no fim dos anos 50, processo testemunhado em diversos trabalhos, a exemplo de Arvoredo e Casas (ambos de 1960), nos quais as figuras recebem extrema síntese formal e são construídas geometricamente. Esse é apenas um primeiro momento de uma extensa e frutífera exploração das possibilidades da abstração, que se intensifica em uma obra como Três Formas (1963), na qual o artista pinta sobre um fundo escuro três retângulos irregulares em tons baixos, trabalhando com os aspectos matéricos da pintura. Tal tendência se aprofunda ainda mais na série Grafismos, na qual Ianelli adensa as telas com incisões traçadas sobre o fundo, conferindo ao plano pictórico um aspecto táctil que se aparenta  à áspera consistência das rochas, como na tela Outono em Paris (1967).

Na década de 70, o trabalho de Ianelli se aproxima do concretismo quando suas composições tomam por objeto a geometria. Aqui, as formas geométricas, em virtude da sua repetição e alternância regular, produzem efeitos óticos de movimento que as agitam em um balé desempenhado sobre o plano, como no Encontro e Desencontro (1973). Ianelli também experimenta com a geometria através das Transparências, quando, a partir do uso da têmpera, convoca  o diáfano e o luminoso das cores,  na leve sobreposição de quadrados e retângulos. A partir de então a luz ganha lugar preponderante na obra de Ianelli, de forma que nos anos 80 os contornos são abandonados, dando lugar a campos de cor cuja vibração se expande em direção aos limites do plano, como se pudessem ser extrapolados para o espaço.  A luz não parece se originar do exterior, e sim emanar do âmago da pintura, amplificando-se sobre o plano pictórico e comunicando à sucessão de cores o mesmo movimento expansivo entregue a um poderoso efeito vibrátil, como é perceptível em Nº4 (1991) e Preto e Cinza (1995).

Ao atingir composições que se bastam nas cores e na luz, Ianelli alcança o essencial, não apenas no sentido de ser aquilo que basta, mas de referir-se a certa  essência misteriosa. Talvez possamos compreender suas telas abstratas como o solo elementar e o céu diáfano que marcam os extremos do campo aberto ao gesto criador.

V.R.P.

 


Exposição "Linha, Cor e Movimento"

Exposição "Linha, Cor e Movimento"


Apresentamos Linha, Cor e Movimento. A nova exposição online de acervo da Dan Galeria.