Tarsila do Amaral

foto de capa tarsila

Biografia


Capivari, Brasil, 1886 —
São Paulo, Brasil, 1973

Chegando a Paris em 1920, Tarsila do Amaral matriculou-se na tradicional Academia Julien e só descobriu o modernismo quando retornou ao Brasil, a partir do convívio com o círculo modernista paulistano. Em sua segunda estadia em Paris, estudando nos ateliês de Lothe, Gleizes e Léger, dirá que achou sua identidade brasileira: “Sinto-me mais e mais brasileira. Quero ser a pintora da minha cultura.”  De fato, ainda que não tenha participado da Semana de 22, Tarsila é uma figura chave na unificação de ideias até então dispersas no grupo dos modernistas brasileiros a respeito da síntese de referências europeias e nativas.

Em 1923, pinta “A Negra”, figura forte, grande, simplificada, sobre um fundo geometrizado e uma grande folha de bananeira, apontando para o amálgama entre forma vanguardista e tema brasileiro. Em 1924, inicia pinturas  da chamada fase Pau-brasil, caracterizada pela ousadia cromática da paleta caipira e contemplação cândida do mundo. Dessa fase, Estação de Ferro Central do Brasil (1924) reflete as transformações urbanas e sociais pelas quais o país passava, estabelecendo o convívio de postes de eletricidade e ferrovias com palmeiras e casas coloridas. Apesar da presença dos signos de modernidade, o efeito geral da composição tende mais para o ingênuo do que para uma celebração futurista da tecnologia. O pueril reaparece em obras que lidam com o tema do folclore, como “A Cuca” (1924), com elementos das fauna e flora brasileiras e criaturas do imaginário popular.

Em Abaporu (1928), Tarsila  apresenta a figura agigantada, de tronco e membros desproporcionais em relação à cabeça,  que inspirou Oswald de Andrade a escrever o Manifesto Antropófago, apresentando o índio brasileiro não mais como o bom selvagem, mas como o canibal, que incorpora a força do estrangeiro, resgatando a mentalidade irracional reprimida pela cultura ocidental. São dessa fase também pinturas de Tarsila como Antropofagia (1929), O Ovo  e A Lua (ambos de 1928). Todos eles exibem figuras misteriosas envoltas pelo  onírico e pré-lógico, pendentes ao surreal.

Durante os anos 30 a pintora volta-se para trabalhos de temática social, concentrados sobre a classe trabalhadora. O constante devir da obra de  Tarsila é signo da variedade e da mutação do seu objeto de investigação: o Brasil. Ao fazer o país surgir em cores fulgurantes, na representação inovadora da figura humana, na terra que oscila sob o peso dos sonhos, não se pode concluir que Tarsila foi simplesmente ao encontro da brasilidade, e sim que ela ajudou a criar essa própria brasilidade movediça.

V.R.P.


Mulheres à Frente

Mulheres à Frente


Nunca é tarde para estender homenagem às mulheres. No último dia de março de 2020, a Dan Galeria apresenta a coletiva Mulheres à Frente, reunindo artistas brasileiras de extrema relevância e participação na nossa história da arte.