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São Paulo, Brasil
22/11/2016 - 14/12/2016

Se o Renascimento foi a época do resgate da tradição greco-romana, o Modernismo foi o período da descoberta da produção estética das tribos africanas por artistas europeus, como Matisse, Picasso, Vlamick e Derain, que buscaram quebrar as regras da construção, das proporções e das perspectivas estéticas da arte acadêmica em um mundo no qual elas já não faziam sentido. Essa nova influência, que gerou estéticas como o Cubismo, também dialogou com os movimentos artísticos brasileiros desde o Modernismo de 1922 até os movimentos concretistas, como a Dan Galeria apresenta, a partir de 24 de novembro, na exposição Mito|Forma, com curadoria de Peter Cohn e Christian Heymès.

 

A exposição coloca em diálogo diferentes momentos do Modernismo e do Concretismo brasileiro representado por obras de artistas como Alfredo Volpi, Ismael Nery, Lygia Clark e Macaparana, com peças produzidas por tribos africanas, como moedas, máscaras, pás e esculturas que, em suas formas, revelam os valores, mitos e crenças de diferentes tribos, numa ligação feita a partir da forma e composição estética da obra, mostrando as semelhanças que existem em estéticas e culturas à primeira vista muito diferentes entre si. “A grande diferença é que toda a composição de peças pelas tribos africanas – moedas, esculturas, máscaras – têm um fim utilitário, seja ele espiritual ou cotidiano, enquanto para nós o fim da arte é a estética”, afirma Christian Heymès. “Isso não quer dizer que para eles a estética não é importante. Pelo contrário: quanto mais apurado for o objeto, esteticamente falando, mais ele servirá à sua função utilitária.”

“O diálogo entre as obras nos permite ver como o ritmo, o equilíbrio e a tensão, características fundamentais ao Concretismo e ao Neoconcretismo, na verdade, já estavam presentes nas peças das tribos africanas há séculos”, conta Peter Cohn. “O que para nós – assim como para os modernistas europeus – era uma novidade, para eles era a essência da estética que produziam.”

Entre as obras em diálogo, estão, por exemplo, a Fachada, de Alfredo Volpi, que se conecta, por meio da composição das cores e formas, com uma tanga da tribi Kirdi, dos Camarões, o Espaço Modulado n.6, de Lygia Clark, dialoga por meio de sua forma – três partes com “sobras” nas pontas – com uma moeda de troca, da tribo MuMuye, da Nigéria. Uma pintura de Rubem Valentim, por sua vez, se liga a partir da simbologia com a escultura de uma figura xangô, da tribo Yoruba, também da Nigéria.

Artistas: Almir Mavignier, Leon Ferrari, Di Cavalcanti, Alfredo Volpi, Willys de Castro, Antonio Bandeira, Sérgio Camargo, Pablo Picasso, Ismael Nery, Lygia Clark, Macaparana, tribo Dogon, tribo Mumuye, tribo Kissi, tribo Baule, tribo Kirdi, tribo Mumuye, tribo Bamun, tribo Nova Guine, tribo Kuba, tribo Kirdi, tribo Wai-wai, tribo Kwele, tribo Luba, tribo Yoruba, Rubem Valentim, Mira Schendel, Sérgio Fingermann, Luiz Sacilotto