Biografia


Santo André, Brasil, 1924 —
São Bernardo do Campo, Brasil, 2003

Integrante do Grupo Ruptura, Luiz Sacilotto dedicou cuidadosa atenção ao emprego de materiais industriais, esmerado tratamento dos pigmentos, rigoroso uso das formas geométricas e acurácia técnica para, seguindo os preceitos do Manifesto Ruptura, do qual foi signatário, eliminar da obra qualquer vestígio de figuração, naturalismo ou expressionismo.

Suas Concreções não raro são construídas em alternâncias entre positivos e negativos que se estabelecem a partir da serialização dos módulos, o que acaba por gerar dígitos concretos, como se se tratasse de uma controlada matemática computacional que pode se repetir incansável até o infinito, capaz de explorar e desafiar a percepção visual e espacial do espectador. Assim, o relevo Concreção 5629 (1956) alterna verticalmente fileiras desiguais de triângulos escuros, cujas relações formam triângulos brancos a partir do fundo, atrelando a predominância visual ao modo como o plano é observado. Já na Concreção 7553 (1975), os módulos parecem obedecer a um movimento de expansão e retração que forja volumes visuais, desencadeando ilusões de curva e profundidade, em uma franca proximidade à op art. E na Concreção 8221 (1982), cria-se no plano a percepção de volume, como se o espectador observasse de cima uma estrutura na qual a profundidade se desdobra indefinidamente.

Igualmente admiráveis são as esculturas de Sacilotto. Em obras como Concreção 5816 (1958) e Concreção 5942 (1959), o artista trabalha com chapas de alumínio e latão, construindo a partir do plano, através de cortes e dobras nos materiais, formas tridimensionais que alternam entre cheios e vazios, capturando a imaterialidade da ausência e transformando-a em elemento tão necessário à escultura quanto a matéria. Mesmo efeito produzem as esculturas de grande dimensão Concreção 0011 (2000) e Concreção 0005 (2000), ambas instaladas em Santo André, cidade natal de Sacilotto, onde a rua Coronel Oliveira Lima é calçada com lajotas que reproduzem obras suas. Aqui, a arte se integra ao coração da cidade industrial, dando forma à vida moderna, realização de uma ambição fundamental do concretismo, o que torna inteiramente justo ecoar as palavras de Waldemar Cordeiro ao dizer que Sacilotto é “a viga mestra da arte concreta.”

V.R.P.