São Luiz Gonzaga, Brasil, 1960

Explorando as potências da verticalidade e da horizontalidade, as obras de José Spaniol repõem a experiência do deslocamento e evocam a iminência da impermanência. Seus trabalhos sopram sobre a certeza estática e comezinha a que se apega a realidade pragmática: são móveis que repousam e sonham, lousas inapagáveis como verdadeiros palimpsestos, pisos de granito negro que se liquefazem na claridade da luz. Esses deslocamentos inusitados geram um sentimento de estranhamento e nos colocam sob novas condições de percepção, em que ignoramos propósitos, destinos e regras. Estranhados e envolvidos, sentimos surgir uma distância por onde pode fluir uma linha tênue de descoberta e indeterminação, linha essa que continuamente torna possível e urgente a ideia de arte.

José Spaniol nasceu em 1960 na pequena cidade de São Luiz Gonzaga, Rio Grande do Sul. Em 1964, transferiu-se com a família para São Paulo e em 1978 ingressou no curso de artes plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado. Licenciado em 1982, Spaniol tornou-se docente da mesma instituição já em 1986. Aliás, o trabalho como professor é característica marcante na trajetória de Spaniol e ressalta no âmbito acadêmico a sensibilidade formativa e a natureza investigativa do artista, que atualmente leciona no Instituto de Artes da Unesp.

Dentro da produção multifacetada de Spaniol, é possível reconhecer elementos e sugestões comuns a algumas obras, como signos de uma linguagem plástica que se desenvolve de modo coerente. Assim, nota-se um diálogo entre obras terrosas como Mirante (1997), Tímpano (2009) e VISTA ASSIM (2010). Produzidas em pau-a-pique, técnica em que a terra é batida e compactada a fim de formar estruturas sólidas e habitáveis, esses estranhos monumentos comunicam-se de maneira íntima com a horizontalidade do chão ao mesmo tempo em que se elevam, expandindo o espaço solenemente. Moldando em torno de sua materialidade ancestral um silêncio e uma duração reverenciais, anunciam no vermelho de seu barro algo da essência mesma de nossa carne.

Em sentido diverso, mas sob registro semelhante, estão as obras aéreas, desafiadoras em seu equilíbrio ascensional. São trabalhos como Ascensões (2010), Firmamento (2010) e, mais recentemente, TIAMM SCHUOOMM CASH! (2019) e Sonhos de outubro (2019). Neles, o espaço vertical engendra o ambiente de uma reflexão existencial. Lidamos aqui com a verticalidade que liga o sub e o supra, onde o interesse do artista se volta à dinâmica conectiva da ascensão e em seu efeito no observador. A suspensão, que é materializada em tais obras por toras de eucalipto ou longas varas de bambu, fica virtualizada na série O descanso da sala (2006 – 2014), que utiliza a reflexividade do vidro ou da água numa situação sintética: postos na horizontal, esses espelhos abrem para a verticalidade onírica dos móveis flutuantes, invertidos. Conexão dos eixos e dos mundos que, já não apartados, reverberam um trânsito mais livre das formas de ser.

 

G.G.S.


DAN Galeria Contemporânea - SP-Arte 2023


José Spaniol na Usina de Arte


"As Mais Altas Torres Começam no Solo" - DAN Galeria Contemporânea


Exposição José Spaniol no programa Metropolis

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Exposição "Linha, Cor e Movimento"

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Apresentamos Linha, Cor e Movimento. A nova exposição online de acervo da Dan Galeria.


Dan Galeria no projeto "Arte em Campo"

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